Procedimento: Angioplastia complexa de bifurcação com auxílio do dispositivo Venture
Autor: Dr. Felipe Maia
Relato: Paciente masc, 68 anos (IMC 26.1) portador de diabetes melitus, dislipidemia e ex-tabagista foi admitido com quadro de síndrome coronariana aguda (SCA) sem elevação de segmento ST em Nov/2016. Apresentava score TIMI Risk = 4 sendo encaminhado para estratificação invasiva (CATE) nas 1as 24 horas de internação, pela via radial que revelou como lesão culpada(Foto 1): Artéria descendente anterior (DA) calcificada com lesão de até 95% em terço médio envolvendo origem de grande ramo diagonal e fluxo TIMI III. 1º ramo diagonal, importante, sem lesões obstrutivas e VE com hipocinesia discreta ântero-apical. (video 1)
Procedimento: Haja vista cenário de SCA e lesão grave em DA , tipo bifurcação (Medina 1:0:1) porém com uma variação anatômica, já que o ramo diagonal é a continuação do terço proximal da DA, assim sendo consideramos a DA, `a partir de seu terço médio, como ramo lateral (RL). Foi então realizado tentativa de angioplastia (ATC) ad hoc sem sucesso por não se conseguir acessar o ramo lateral (neste caso o terço médio da DA) com diferentes fios guia 0.014 PT LS e BMW devido à angulação extrema do RL e calcificação. Após 30.2 minutos de fluoro e 180ml de contraste de baixa osmolaridade o procedimento foi suspenso. Passados 48horas com o paciente mantendo-se estável e sem angina foi realizado nova ATC, agora pela via femoral direita com introdutor 7 Fr e cateter-guia XB 3.5 7 Fr com auxílio de cateter direcionador de fio-guia 0.014 (Venture RX). Por possuir uma ponta deflectível (angulação de até 90 graus) através de controle rotacional externo o micro-cateter permitiu acessarmos o RL (terço médio da DA). Iniciamos com pré-dilatação de DA e prosseguimos com implante de 01 stent farmacológico (DES) 3.0 x 23mm em DA direcionado para ramo diagonal por técnica de bifurcação provisional. Após implante do DES , recruzamos os fios guia novamente com auxílio do micro-cateter Venture e realizamos pós-dilatação com cateter-balão NC 3.0 x 12mm para interior do stent (técnica de POT) e dilatamos o óstio do ramo lateral (DA) alcançando ótimo resultado final (lesão residual < 20% no óstio do ramo lateral) (video 2)
As bifurcações verdadeiras correspondem a cerca de 20% das ATCs, com a literatura mostrando que a técnica de stent provisional continua sendo a mais advogada. Neste caso, o Venture RX, compatível com sistema 6 Fr possibilitou não só acessar o RL, mas também recruzá-lo com facilidade, motivo do insucesso no primeiro procedimento . O dispositivo apresenta uma cobertura de platina na sua ponta (8mm distais) facilitando sua visualização, além de cobertura hidrofílica e conferir suporte extra na abordagem de lesões complexas como a descrita. (video 3)
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